[ESPECIAL] A glória inédita do Bairro Alto na Suburbana de 2011
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Foto: Felipe Rosa / Gazeta do Povo |
A narrativa da
trajetória do alvinegro do Bairro Alto foi repleta de superação em relação as
dificuldades durante o certame de 2011. Veja só: troca de técnico, problemas
nos treinamentos por causa do elenco enxuto, quase eliminação na 2ª fase e
classificação por gol fora de casa. Mas o final foi feliz, pois os alvinegros
venceram a equipe do Trieste na partida de ida e empatou na volta. Resultado
que decretou o Bairro Alto como campeão da Série A de 2011, levantando a taça
no Pedro de Almeida pela primeira vez em sua história.
#AMADOR CURITIBA
Por @LucasRaveel
A galeria de
campeões da Suburbana recebeu, em 2011, um novo integrante. Desacreditado por
muitos, o Bairro Alto desbancou favoritos e levantou a taça vencendo o Trieste
na final com direito a goleada no jogo de ida. Fundado há 32 anos, o Clube
Atlético Bairro Alto é um time tradicional do futebol amador de Curitiba e o
time de nove anos atrás marcou como um dos melhores times da sua história.
O elenco
campeão tinha na experiência um dos pontos fortes. Com Hideo e Massai
organizando o meio, Alex Pinhais e Marcelinho lideraram um ataque que marcou 38
gols em 20 jogos. Na zaga, Juninho e Emerson, contando com a ajuda de Douglas
mais à frente, seguravam as investidas dos adversários. Os goleiros Vilson e
Fabiano, que também foram importantes na conquista. Nas laterais, Luisinho
Netto, ex-Athetico, e Anderson Xuxu eram os titulares. Buiu também compunha o
setor. No meio, Geraldinho foi titular na final, e Orlei e Rubão eram suplentes
no ataque.
Em 2011, o
atacante Marcelinho estava em sua segunda passagem pelo clube alvinegro. A
primeira foi em 2008 e, na ocasião, foi rebaixado: “A diferença de 2008 para
2011 era a qualidade técnica. Jogar com aquelas feras me marcou muito. Na minha
opinião, são os melhores que já joguei”, contou.
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Foto: Felipe Rosa / Gazeta do Povo |
1°
fase: comando muda, técnico multifunção assume
Em todo o
campeonato, o Bairro Alto jogou 10 partidas como mandante. “Sabíamos que os
jogos seriam mais complicados por causa da situação do gramado”, lembrou
Marcelinho. Porém, mesmo com as dificuldades, o time conseguiu ficar invicto no
Estádio Pedro de Almeida - foram 6 vitórias e 4 empates.
No início, a equipe
sofreu com altos e baixos: tropeçou com o Santa Quitéria e Trieste, venceu Pilarzinho
e Fanny, mas voltou a ser derrotado, desta vez pelo Combate Barreirinha. Com
isso, o técnico Marquinhos saiu do comando, e o preparador de goleiros Luís
Miguel assumiu. Luis seguiu como preparador e técnico, intercalando as duas
funções no Bairro Alto. Além disso, ele era professor de Educação Física durante
o dia e ainda atuava como empresário. Em campo, o novo técnico estreou com
vitória por 4 a 0 sobre o Vila Hauer e não perdeu mais até o fim da 1° fase.
Geralmente, não
era a maioria dos jogadores que tinham disponibilidade para ir treinar no clube:
“Era um grupo pequeno. Nos treinamentos, iam poucos atletas”, lembrou Douglas.
“Não tínhamos time para fazer coletivo, nossos treinos eram com 6, 7 jogadores.
Lembro que uma vez foram 12, mas foi só essa”, disse Marcelinho.
Rumo
ao título: o time que quase foi eliminado é finalista
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Foto: Felipe Rosa / Gazeta do Povo |
O grupo da 2ª
fase era indigesto. Os adversários eram Santa Quitéria e Trieste, times que o
Bairro Alto ainda não tinha conseguido vencer, e o Vila Hauer, que corria por
fora. O clube alvinegro começava com um ponto de vantagem como “prêmio” pela
campanha na fase anterior. Nos três primeiros jogos, a irregularidade foi a
tônica do time: uma vitória sobre o Hauer, um empate com o Quitéria e uma
derrota para o Trieste. Na 4° rodada, se perdesse, o Bairro Alto ficaria longe
dos dois primeiros colocados, que se classificavam. E foi isso que aconteceu:
no Maurício Fruet, 1 a 0 para o Santa Quitéria, e a situação ficou dificílima.
Na 5° rodada
era vencer ou morrer. O jogo era contra o Trieste, em casa, e terminou em 3 a 1
para o Bairro Alto. No outro jogo do
grupo, outro resultado “inesperado” aconteceu: o já eliminado Vila Hauer venceu
os auriverdes por 3 a 2 e embolou a tabela. Na rodada final, o Bairro Alto
goleou os lanternas e passou em 2° no grupo. Nas semifinais, contra o Combate Barreirinha,
os alvinegros novamente não tiveram facilidades e passaram porque não tomaram
gol em casa. Na ida, perderam por 3 a 2 e, na volta, venceram por 1 a 0.
A
grande final: jogos impecáveis colocam time na prateleira dos campeões
No futebol, a
perfeição pode ser um jogo que você não toma nenhum gol, ou um que você goleia o
adversário fora de casa em plena final. Para o Bairro Alto foram as duas
coisas. O desempenho na final ainda está na memória de Douglas. “Foi uma das
melhores atuações que vi de um time desde que vim para o amador, uma partida perfeita”,
comenta o volante Douglas.
Contra o
Trieste, no Francisco Muraro, os alvinegros conseguiram uma acachapante vitória
por 4 a 0. “Alguns torcedores vieram conversar comigo depois do jogo e me
disseram que não sabiam que nosso time era tudo aquilo”, relembrou Marcelinho.
No elenco dos
alvinegros, vários jogadores já tinham passagens pelo Trieste. Portanto,
conheciam a diferença de estrutura entre as duas equipes e a magnitude daquele
resultado. Só que nada estava ganho. De acordo com o regulamento, se o Trieste
conseguisse vencer a volta por qualquer resultado, um 3° jogo aconteceria. Na 2ª partida, o Bairro Alto abriu o placar
aos 7’, com gol do zagueiro Juninho. Mas o empate veio 12 minutos depois, com
Laercio (ex-Coritiba). O Trieste ainda ficou com um a menos antes do fim do
primeiro tempo, pois Lima foi expulso.
No outro lado,
as lesões do lateral Luisinho Netto e do goleiro Fabiano não fizeram com que a
equipe cedesse o gol. A partida terminou em 1 a 1 e o Bairro Alto levantou o
caneco inédito da Suburbana. No próximo ano, em 2012, o Bairro Alto seguiu em
uma crescente e quase conseguiu o bicampeonato, sendo vice para o Iguaçu.
Depois das duas campanhas, o alvinegro se licenciou nos anos de 2013 e 2014 e
retornou em 2015. Hoje, em 2020, o clube
se encontra na 2ª divisão e luta para retornar à elite e também em seus
melhores tempos.
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