[ESPECIAL] Além de títulos, o Urano entre 2007 e 2009 manteve a invencibilidade por 42 jogos
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#AMADOR CURITIBA
Por Daniel Tozzi
Entre os anos de 2007
e 2009 a Associação Clube Esportivo Urano entrou para a história do futebol amador de
Curitiba. Com três taças levantadas no período e a incrível sequência de 42
jogos sem perder, aquele elenco do azulão da Vila São Pedro é lembrado até hoje
como um dos principais times de futebol amador do estado. “Foram dois anos de
títulos e grandes jogos, coisas que geralmente não acontecem no futebol
amador”, afirma Luciano Simn, zagueiro e capitão daquela equipe histórica que
conquistou a série A da Suburbana de 2008 e 2009 e a Taça Paraná de 2009.
“Éramos um time que
jogava em um campo sem tantas condições como outros clubes, mas conseguimos
protagonizar um grande futebol”, conta Luciano. “Não era fácil competir com
times com mais estrutura e orçamento, como Iguaçu, Trieste, Fanny, e Quitéria”,
acrescenta o lateral Salário, que também participou das conquistas e da
sequência invicta. Nos 42 jogos sem derrota daquele Urano, foram 29 vitórias e
13 empates, com 113 gols marcados e apenas 33 sofridos.
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A fama de
“linha-dura” é confirmada pelos demais colegas. “Éramos muito cobrados pelo
professor Ary. Começava o treino às oito da noite e, se duvidar, acabava meia
noite e quinze. Foram os dois anos desse jeito”, afirma Paulo Sérgio, zagueiro
da equipe. “Quando não era no [Estádio] Manecão, a gente treinava numa praça ao
lado do campo”, acrescenta. Salário vai na mesma linha, e credita o sucesso nos
campeonatos à disciplina dos treinos e à união dos jogadores. “O grupo era
unido e comprometido. Os treinamentos tinham hora para começar, mas nunca para
terminar. Trabalhávamos bastante e o reflexo foi dentro de campo”.
Trabalho duro à parte
durante os treinamentos, o que não faltava nas horas de descanso eram
confraternizações e a famosa “resenha” entre os companheiros de clube.
“Acabavam os jogos a gente ia para o nosso reservadinho ali, fazia a nossa
carne… e o legal era isso: todo mundo ficava e participava. Foi um time que deu
orgulho de participar também por conta desses momentos”, comenta Luciano.
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Foto: Rodolfo Buhrer |
Com um ataque
insinuante e uma sólida defesa, o Azulão chegou às semifinais contra o Vila
Hauer ostentando uma campanha para lá de animadora, com oito empates e nove
vitórias - algumas delas bastante expressivas, como 5 a 2 no Vasco, 4 a 1 no
Bairro Alto e 7 a 1 no Nova Orleans, esta última fora de casa.
“Nós, jogadores, e a
comissão técnica só fomos dar conta da possibilidade de ser campeão invicto
quando chegamos na fase final. Antes era algo que não comentávamos, até para
não criar uma expectativa no torcedor. Mas quando passamos da semifinal
(vitória no por 1 a 0 no Hauer e empate sem gols em casa), o professor Ary
colocou para a gente que era para sermos campeões invicto e nós compramos a
ideia, sabíamos que a campanha ficaria marcada no clube para sempre”, rememora
Salário.
Na finalíssima, mesmo
com o adversário sendo o tradicional Iguaçu, o Azulão não se intimidou e coroou
a boa campanha com mais duas vitórias, confirmando o título invicto: 3 a 1 no
Egydio Ricardo Pietrobelli e 1 a 0 no Manecão. “Nessa época nosso time foi meio
que uma pedra no calcanhar do Iguaçu. Virou nosso ‘salão de festas’, porque jogamos
lá em Santa Felicidade algumas vezes e sempre conseguíamos o resultado. Os
italianos ficavam loucos com a gente”, lembra Paulo Sérgio.
MAIS UMA - Na campanha de 2009 a base do elenco se
manteve e, além de lutar pelo bicampeonato da Suburbana, o Urano disputou a
Taça Paraná. Na competição estadual, o Azulão não decepcionou e não só manteve
a campanha invicta, como também aplicou goleadas históricas nos rivais
paranaenses: 6 a 1 no Capivari, 16 a 0 no Sambaqui e 5 a 1 na equipe do Rondon.
Essa última goleada, aliás, em Marechal Cândido Rondon, foi a que deu o inédito
título da Taça Paraná ao Urano.
“Essas viagens que
fizemos para disputar a Taça Paraná também foram bastante marcantes. Saíamos de
Curitiba sábado depois do almoço e viajávamos o dia todo para jogar a partida
no domingo. Alguns familiares também conseguiam ir acompanhar, então isso tudo
uniu ainda mais nosso grupo”, conta Paulo Sérgio.
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Foto: Rodolfo Buhrer |
Mesmo com o excelente
momento vivido, a invencibilidade caiu diante do Vila Fanny, na última rodada
da primeira fase da Suburbana. “Perdemos de 1 a 0 em casa, mas não teve motivo
para baixarmos a guarda, porque sabíamos que uma hora iria acontecer. Logo
depois da derrota já começamos a ver o que tinha dado de errado naquele jogo
para continuarmos na mesma pegada das vitórias”, conta Salário. “A derrota para
o Fanny foi fundamental para o título, foi um divisor de águas, porque ali
conversamos muito e retomamos a rotina de treinos e concentração”, afirma
Luciano.
Nas finais, novamente
um time de Santa Felicidade cruzou o caminho do Azulão, desta vez o Trieste.
“Eles eram sempre favoritos, né. Era o time do dinheiro, e a gente ali, o pobre
contra o rico, mas superamos tudo isso e, com pé no chão e humildade,
conseguimos mais um título”, pondera Paulo Sérgio.
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Foto: Acervo Urano |

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