[ENTREVISTA] Unidos pelo sangue e pela bola, Diego e Roney têm trajetória vitoriosa no futebol amador
A
relação entre irmãos é uma das mais fortes que se pode ter na vida. Em geral vindos
do mesmo sangue, fortalecem esse sentimento com as experiências ao longo do
caminho, e vivem cada vitória ou tropeço com a mesma força, como um time.
Juntar isso a um esporte cooperativo como o futebol é algo para poucos sortudos,
caso de Diego e Roney. Companheiros de time e de vida, os irmãos estão
construindo um caminho bem-sucedido no futebol amador curitibano.
#ENTREVISTA
Essa “tabelinha” nos
gramados começou por uma referência em comum: o pai, Armando Oliveira. Ele
tinha um campo na zona sul de Curitiba, e a partir de 2007 fez uma parceria com
o Osternack, hoje desfiliado, que passou a mandar jogos no Recanto Oliveira. No escrete tricolor, os dois
jovens atletas começaram nas categorias inferiores da Divisão de Acesso da Suburbana,
juvenil e juniores, até alcançarem o time adulto. “O Osternack foi o lugar onde eu nasci e cresci, era muito bom jogar lá. Time da quebrada mesmo, você ia na igreja do bairro ou pegar um ônibus e o pessoal falava do
campeonato”, relembra Roney.
Mesmo tendo uma diferença de
quatro anos, eles já frequentavam o mesmo ambiente no Osternack. “Em 2007 acabamos
subindo do juniores para o elenco adulto, mesmo o Diego sendo mais jovem. Como
era mais velho entrei de titular nos mata-matas e quase conquistamos o acesso,
perdemos nas semifinais para o Quitéria. Mas foi um ano legal, era muito
divertido”, acrescenta o meia.
![]() |
Foto: Arquivo pessoal Diego |
O sonho do futebol
profissional ainda passava pela cabeça dos guris, mas essa trajetória não foi
tão adiante e eles voltaram a atuar juntos em 2012. Dessa vez a parceria de
Armando era com o Umbará, e a dupla não estava sozinha. “Na época jogava eu, o
Roney e mais três primos, Adilson, Robert e Adriano. O Umbará era uma família
mesmo”, recorda Diego.
Após um início mediano, o
time encaixou com a chegada do novo treinador Croco, alcançando as semifinais
da Série B. Mesmo não conquistando o acesso nos jogos contra o União Ahú, para
os irmãos aquela temporada foi uma grande vitrine. “Com o Umbará conquistei a
primeira artilharia com 21 gols, sendo um ano muito especial pois todos não
acreditavam e fomos bem. Depois desse ano as portas começaram a abrir tanto para
mim quanto para o Roney, e daí seguimos sempre juntos”, comenta o centroavante
Diego.
História
longeva no Capão Raso
De fato o Umbará abriu novas
possibilidades. Após uma passagem pelo Novo Mundo, Diego e Roney foram para o
Capão Raso. No Tricolor de Aço, permaneceram entre 2014 e 2017, onde
conquistaram o título da Copa de Futebol Amador da Capital no ano de estreia.
Em 2015, enquanto Diego levou a Taça Paraná pelo Fanático, o meia foi bicampeão
da Copinha. “As duas conquistas foram importantes, mas 2015 joguei mais
partidas e a decisão contra o Vila Sandra foi mais difícil, nos pênaltis, e
graças a Deus conseguimos sair bicampeões”, explica Roney.
O Capão tem um lugar importante
no coração dos irmãos, mas em 2016 essa história quase teve um final antecipado.
O time buscava uma volta à elite amadora, mas tanto em 2014 quanto em 2015 o
clube foi eliminado nas semifinais, a um passo do acesso, no sofrimento das
penalidades. “Tínhamos uma proposta do Fanny e queríamos jogar a Série A. Mas aí
quando recebemos a notícia que o Capão Raso conseguiu a vaga, o presidente
Mocelin nos ligou e já acertamos nosso retorno”, afirma Diego.
Um golpe do destino evitou a
troca, pois o Combate Barreirinha se licenciou naquele ano e o Urano, que
estava na Divisão Especial, teve um problema de documentação com a Federação
Paranaense de Futebol e não ficou apto para jogar, abrindo caminho para o
Capão. Quem imaginava uma campanha
contra o descenso se surpreendeu com o Tricolor chegando às semifinais, após
eliminar justamente o Vila Fanny nas quartas. Uma campanha que fechou um ciclo
de Diego e Roney no José Carlos de Oliveira Sobrinho. “Saímos para buscar novos
desafios, mas os quatro anos no Capão foram ótimos. Acredito que um dia eu
volto e possa conquistar uma Suburbana lá”, opina o camisa 9.
Conquistas
na Taça Paraná e sucesso no Iguaçu
Nesse meio tempo, por conta
do calendário, a dupla chegou a disputar a Taça Paraná com a camisa do Fanático
de Campo Largo, com Diego obtendo dois títulos, em 2015 e 2017 – o último na
companhia de Roney. “Foi sensacional, o ambiente era bom, descontraído e também
de muito trabalho. Aprendi bastante coisa nesta passagem por Campo Largo”,
recorda o meia.
A segunda decisão foi contra
o Iguaçu, mas a torcida do Galo não teria motivos para ter raiva dos dois. Isso
porque eles repetiriam a dose em 2018 e 2019, desta vez com a camisa alvinegra
da colônia famosa. “Foi um clube que nos abriu as portas e conquistamos títulos
importantes. Nos identificamos bastante com o Iguaçu, quando tive o convite
fiquei muito feliz e nos receberam muito bem”, afirma Roney.
Em 2019 o ano foi ainda mais
especial, conquistando a Taça Paraná em cima do maior rival Trieste e o
primeiro Sul-Brasileiro da história do Galo, no ano do centenário iguaçuano. “O
Galo apareceu como uma luva pra gente, um time com uma estrutura diferenciada.
E conseguimos conquistar títulos no Iguaçu, daqui alguns anos iremos no clube e
vamos ver nossa foto como campeões, isso é o que fica”, analisa Diego.
Uma trajetória vitoriosa,
mas que ainda precisa de um capítulo a mais. “Ano passado até brincamos que se
fôssemos campeões da Suburbana já poderíamos aposentar. Isso incomoda um pouco,
mas temos alguns anos para se dedicar e conquistar esse título que ainda não
temos”, projeta o centroavante. Diego também busca ampliar
os números pessoais, já que foi artilheiro da Série A em 2016 e da Série B em
2012, 2014 e 2015. “Sentimento de orgulho, mostra que estou fazendo meu
trabalho bem feito. Se eu estiver sempre brigando pela artilharia,
automaticamente estarei ajudando minha equipe”, explica o atacante.
Uma história que ainda está sendo
construída, tendo como alicerce a irmandade e a admiração. Tanto de um lado... “Diego
é meu único irmão, aprendemos a cuidar um do outro dentro e fora de campo. O
destino deixou a gente jogar junto no amador e tenho muita admiração por ele”, completa
Roney. Quanto de outro... “Para mim
o melhor camisa 10 do amador, o meia que mais me conhece, sempre me ajudou
muito dentro e fora de campo. Por isso sempre procuramos ir juntos para o mesmo
time”, arremata Diego.
Caneta e papel, arroz e feijão, passe e gol... tem dupla que nasceu pra dar certo!
APOIE O PROJETO DRAP - Queremos dar
voz para o futebol marginalizado e mostrar a transformação que este esporte é
capaz, em diversas atmosferas – amador, base e feminino. Conheça a nossa
campanha de apoio colaborativo na @catarse; - http://catarse.me/drap

Post a Comment