[ENTREVISTA] Aos 41 anos, Marcelo Tamandaré mantém em aberto decisão sobre futuro no futebol amador
Atuante no futebol amador de Curitiba desde 2013, o atacante Marcelo Tamandaré, que no profissionalismo passou por equipes do Brasil, México, Grécia, Portugal, França e Irã pode estar próximo de um momento inevitável para qualquer jogador de futebol: a hora de pendurar as chuteiras. O artilheiro da Suburbana em 2014 e 2015 ainda não tomou uma decisão: "o futuro a Deus pertence".
#ENTREVISTA
Por Yuri Casari
O atacante Edson Marcelo de
Faria, mais conhecido na capital paranaense como Marcelo Tamandaré, tem longa
história no futebol. O jogador se profissionalizou ainda nos anos 90 e rodou o
mundo por quase vinte anos antes de voltar a Curitiba para conquistar títulos
no futebol amador local, a partir de 2013. Agora, oito anos depois, Marcelo,
que atuou nas últimas duas temporadas pelo Santa Quitéria, está em um momento
de avaliação. “O futuro a Deus pertence”, resume.
Em 2018 e 2019, Marcelo não
conseguiu repetir o bom desempenho mostrado em suas passagens no Bairro Alto, Combate
Barreirinha e no Iguaçu, além de ter atuado poucas vezes, devido a uma
cirurgia. No período, marcou apenas 4 gols, todos em 2018. “Eu fiz uma operação porque tinha uma tendinite crônica que não me
impedia de jogar, mas que causava muita dor após os jogos. Por isso resolvi
operar. Isso me atrapalhou para conseguir ritmo de jogo e no ano passado eu
voltei do México totalmente sem forma física, o que me custou bastante
trabalho”, explicou.
No clube auriverde,
Tamandaré repetiu a parceria com o treinador Juninho. Juntos, ambos haviam sido
bicampeões da Suburbana pelo Iguaçu, no biênio 2016-17. “Juninho é um cara
excepcional, com um coração gigante e que vive o futebol intensamente dentro e
fora de campo. Além de ser um cara que, como eu, odeia perder e sempre quer
estar nas cabeças. Aprendi muitas coisas com ele”, diz.
Para a temporada 2020, que
ainda é incerta em razão da pandemia do novo coronavírus, Tamandaré também vive
um dilema interno. “Sinceramente, ainda não decidi se irei jogar esse ano,
portanto, vamos deixar acontecer e quando chegar a hora decido se sim ou se
não. O futebol está na minha veia e sei que enquanto Deus me der fôlego e
pernas para correr atrás da pelota eu estarei lá. Já tenho 41 anos e agora já
dá pra jogar com os da minha idade se quiser, pois a piazada fisicamente é muito
rápida”, brinca o atleta.
Entre 2013 e 2019, Marcelo
Tamandaré viveu seus melhores dias vestindo a camisa alvinegra do Iguaçu. Pela
equipe de Santa Felicidade, Tamandaré foi artilheiro em 2014 e 2015, marcando
18 e 14 gols, respectivamente. No entanto, não levantou a taça de campeão da
Suburbana. Em 2016, marcou sete gols e fez excelente dupla com Pablo,
conquistando o título da competição citadina. Juntos, marcaram quinze dos
trinta gols do Iguaçu no campeonato. Em 2017, apesar de ter marcado apenas dois
gols, foi bicampeão com o alvinegro. “O Iguaçu é uma casa para mim e tenho lá
muitos amigos, além das conquistas. O momento mais marcante com certeza foi o
título em cima do Santa Quitéria, em 2016, pois um ano antes havíamos perdido a
taça dentro de casa”, relembrou.
CARREIRA - Marcelo Tamandaré começou a
jogar futebol logo no início dos anos 90. “Estive na base do Coritiba de 91 a
97, onde aprendi muito. De lá, surgiu a oportunidade de ir para o Malutrom,
onde eu sabia que teria mais chances de debutar como profissional”. No
caçulinha do futebol paranaense, Tamandaré se profissionalizou e conquistou sua
primeira oportunidade fora do país, partindo para o futebol mexicano.
No México, Marcelo viveu
experiências marcantes, como jogar no América, maior clube do país
norte-americano e um dos mais populares do planeta. “Cheguei no América meio
perdido, na verdade, sem saber muito do futebol mexicano. Já de cara aos 19
anos, estreei na Libertadores da América, onde chegamos à semifinal contra o
Boca Juniors, em dois jogos épicos. Um deles, em La Bombonera, perdemos de 4 a
1, e no o outro, no estádio Azteca, diante de mais de 100 mil pessoas, ganhamos
por 3 a 1 mas ficamos fora da final”, lembra. O clube argentino acabou como
campeão daquela edição vencendo o Palmeiras na final. Tamandaré dividiu
vestiário com algumas lendas do futebol local, como os atacantes Cuauhtémoc
Blanco e Carlos Hermosillo.
Com uma concorrência pesada
no setor ofensivo, o jogador acertou para a temporada seguinte com o Irapuato,
uma equipe que havia acabado de subir para a elite mexicana. “Fizemos uma
campanha muito boa chegando às fases finais da competição”, conta Marcelo. Mas
foi a partir de 2001, com outra camisa, que Tamandaré viveu seu auge no futebol
mexicano. No San Luis, equipe que atualmente tem o nome de Atlético San Luis, o
atacante conquistou a segunda divisão no país em 2002 e é considerado um ídolo
na cidade de San Luis Potosí. “Além de ascender ao circuito máximo, fiz muitos
gols e ajudei o time a se destacar, por isso sou lembrado até hoje lá com
carinho”, afirma.
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Acervo pessoal |
Em seguida, já em 2004,
Marcelo Tamandaré teve a chance de viver o sonho do futebol europeu, vestindo
por três anos a camisa do Ajaccio, da França. O atacante disputou 53 partidas
na Ligue 1, a primeira divisão do país, marcando cinco gols. Em 2007, deixou o
clube francês e desembarcou em São Januário, para jogar pelo Vasco, mas as
coisas acabaram não saindo como o esperado. “Cheguei da França e vim para o
Vasco com a esperança de me tornar conhecido no Brasil. Infelizmente tive uma
lesão sério na pré-temporada que me custou bastante tempo de recuperação. Assim
que me recuperei, houve troca de treinadores onde eu sequer tive chance de
jogar um jogo oficial”, lamenta. Ao menos, o atacante teve a oportunidade de ver
de perto um dos maiores de seu ofício. “Nessa época também tinha um tal de
Romário em busca do gol 1000, o que iria dificultar a vida de qualquer
atacante”, se diverte.
A partir daí, Marcelo passou
por Portuguesa-SP, Belenenses (Portugal), Fortaleza-CE, Paykan (Irã), Ionikos
(Grécia), Doxa Dramas (Grécia) e encerrou a carreira profissional em 2013, após
breves passagens por J.Malucelli e Rio Branco de Paranaguá. “Minhas
experiências como pessoa, posso dizer que foram as melhores, pois conheci
culturas, pessoas e idiomas novos. Mas em relação principalmente a Grécia e
Irã, tive grandes decepções com dirigentes e na parte econômica também”.
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