[FEMININO] Imperial supera desafios do início e fortalece o engajamento das mulheres no futebol em Curitiba
Conhecido
na Suburbana, o Imperial Futebol Clube desde 1955 emociona os curitibanos
entusiastas do futebol amador. Mas o clube ocupa também um lugar especial nos
corações das mulheres apaixonadas pelas chuteiras; não só as curitibanas, mas
todas aquelas que torcem por elas no futebol. E isso tem motivo: a formação de
uma equipe feminina de futebol de campo na capital paranaense desde o projeto
da categoria de base, iniciado
em 2014.
#FEMININO
Por
Gabriela Saboia Hirt
No ano de 2014, o Imperial fundou o time
de futebol feminino de campo em Curitiba com o projeto voltado para as
categorias de base. E, além de ser um dos primeiros nesta linha, o tricolor do
Mossunguê foi o único clube em Curitiba durante seis anos, já que o Athletico
decidiu formar uma equipe própria somente em 2020. Mas antes, Curitiba já teve
equipes que foram campeãs no cenário estadual, como União Ahú e Novo Mundo,
principalmente. Porém, pelo baixo retorno aos investidores, as equipes deixaram
de existir no feminino e ficaram somente com o masculino. A partir disso, a
equipe do Imperial passou a ser a única. Mas teve que passar por alguns
caminhos para conquistar seus objetivos e manter a equipe ativa em Curitiba.
Confira um pouco da trajetória do escrete feminino da zona oeste da capital paranaense.
O
início da trajetória
A equipe feminina foi uma iniciativa da
treinadora Rosângela Bortolaz, junto com o presidente do Imperial na época,
Marcelo Kloss. O objetivo era de que meninas que quisessem seguir carreira com
o futebol de campo tivessem estrutura para treinar. Por falta de calendário de
competições da modalidade no estado, problema que persiste até hoje, durante os
primeiros anos a equipe não participou de nenhum torneio. Até que, em 2017, o
Foz Cataratas, então o maior clube feminino no Paraná, e o Toledo se uniram
para financiar a participação do Imperial naquela edição no Campeonato Paranaense
de Futebol Feminino, que tinha como exigência a inscrição de no mínimo três
clubes.
O Imperial não obteve um bom resultado.
Terminou em terceiro e último lugar, com nenhuma vitória e um saldo de 31 gols
negativos. Mesmo assim, o time saiu vitorioso, pois o resultado foi além dos
três pontos. Ou seja, foi maior do que qualquer jogo: o engajamento da luta
pelo futebol de mulheres no Paraná. “Nós do Imperial trabalhamos para ver o
futebol feminino crescer dentro do nosso Estado, para crescer junto com a
modalidade, tendo mais presença de mulheres como treinadoras, gestoras, na
preparação física e, principalmente, nas arquibancadas”, conta Diego Borges,
diretor de futebol feminino do Imperial e preparador físico.
Um objetivo que, para se concretizar, é
necessário muita coragem e sacrifício. Manter uma estrutura de uma equipe
esportiva não é uma tarefa fácil. Ainda mais quando se trata de uma modalidade
negligenciada nacionalmente, como o futebol feminino. Segundo um estudo divulgado em 2019 pela Federação Internacional do Futebol (FIFA), os números apontam
o descaso das instituições e investidores do futebol com as mulheres. Peru,
Argentina e até a Venezuela investem mais e têm mais mulheres jogando futebol
ao comparar com o Brasil.
Os
planos e desafios de uma equipe de futebol feminino
Neste cenário hostil, o Imperial luta
para sua sobrevivência. Sem investidores, o time é financiado por vaquinhas,
alguns patrocinadores e uma mensalidade de 50 reais paga pelas integrantes para
estrutura e material. Há um planejamento para que, neste ano, o clube consiga
um plano de financiamento. Participar de uma competição demanda um esforço de
sacrifícios financeiros da equipe, como revela o diretor. “A cada ano as
dificuldades são maiores, principalmente para a disputa do Campeonato
Paranaense, onde temos que tirar dinheiro do próprio bolso para pagar as
despesas do campeonato, como viagens, alimentação e taxa de arbitragens”,
acrescenta Diego.
O
projeto do Imperial é revolucionário nacionalmente. Segundo o mesmo estudo da
FIFA, no país inteiro há apenas 475 meninas inscritas em categorias de base de
futebol de campo. O plano do time que leva as cores vermelha e azul é, não só
compor o cenário futebolístico, mas estruturar boas categorias de base, sendo
um dos únicos a fazer isso atualmente. “Nosso maior desafio é manter essas
atletas treinando, visto que, é praticamente inexistente o calendário do
futebol feminino, principalmente para as categorias de base”, afirma Diego.
Sem se ater ao preconceito e às
dificuldades estruturais e financeiras, o Imperial conquistou sua importância e
tem revelado excelentes jogadoras. Mayara Nabosne hoje é goleira do
Internacional (RS) e da seleção sub-20, bem como Kamile Pavarin, que chegou ao
Corinthians (SP) é da seleção brasileira sub-17. Dayanne Vieira, que foi capitã
do time nas últimas temporadas e integrou à recém-formada equipe do Athletico.
A expectativa é que, com a entrada de
grandes clubes no cenário feminino, como o Athletico e o Coritiba, os
calendários se tornem mais preenchidos de competições e o esporte atraia mais
investidores, além de ampliar os trabalhos na base com um maior campo para
abastecer de jogadoras. Agora, os planos foram temporariamente interrompidos
pela pandemia de Covid-19. Em quarentena, porém, as atletas não pararam e
seguem firmes para realizar o sonho de ser jogadora. Os treinos e acompanhamentos
se mantém direcionados às atletas via online.
Depois do retorno às atividades, os
eventos vão depender da Federação Paranaense de Futebol (FPF). Atualmente, sem
outras equipes sub-18 no estado, as meninas da base não tem nenhuma competição
oficial para participar até que o cenário mude, apenas campeonatos privados e
amistosos. Já as jogadoras do elenco principal se dedicam integralmente ao
Campeonato Paranaense que ocorre nos últimos meses do ano.
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