[AMADOR PG] Unidev: O sonho por trás dos olhos do técnico Paulinho Souza
A paixão pelo futebol se manifesta de diferentes
formas ao longo da vida. Paulinho Souza desfruta de todas elas de maneira única
e imensurável. Após perder a visão aos 27 anos, o comandante e responsável pelo
esporte do Unidev teve de abandonar os gramados para atuar à beira do campo.
Ainda como um clube jovem no cenário municipal, os atletas do Azulão apostam na
liderança e no profundo conhecimento tático de Paulinho para se consolidar na
Liga de Futebol Amador de Ponta Grossa.
#ENTREVISTA
Por Allyson Santos
Com apenas
dezessete anos, o jovem Paulinho dava os primeiros chutes no certame amador
ponta-grossense. Em meio às memórias do ex-atleta estão as glórias conquistadas
com as camisas do Olinda Futebol Clube e do Itaiacoca, época em que foi eleito
craque da competição por dois anos seguidos. “Eu sempre fui meio metido a jogar
bola. Acho que o esporte sempre teve um espaço importante no meu coração”,
relembra Paulinho.
Muito além das quatro linhas
A vida teve
outros planos para o craque, que passou a trabalhar como massoterapeuta. A nova
paixão, ligada ao desenvolvimento físico do corpo humano também ajudou a manter
Paulo próximo dos gramados. “É uma das coisas que eu sempre tentei trazer para
o futebol amador. Quando alguém sofre uma de lesão sempre estou disposto a
ajudar durante o atendimento”, comenta. O atleta do subúrbio se casou, teve
filhos e adquiriu uma pequena casa no Bairro Maria Otília.
A história de
Paulinho Souza mudou no dia 28 de setembro de 2004. Um acidente de trânsito
danificou a visão do massagista de forma permanente. “Na época tentei o
transplante, mas os médicos confirmaram que era irreversível. Foi um ano
marcado por muito sofrimento”, lamenta. Ficar cego aos 27 anos de idade foi um
impacto gigantesco para Paulo, que enfrentou uma série de dificuldades nos
primeiros meses de tratamento. A família, os amigos, a fé e o esporte foram
peças fundamentais durante a recuperação.
“Não tive medo de lutar”
Após o acidente,
o atual técnico do Unidev retomou os estudos e garantiu o diploma de massoterapeuta.
Se alguém acreditava que Paulinho se afastaria do mundo da bola, ele fez
questão de provar o contrário. Alguns anos depois, o ex-atleta deu o pontapé
inicial em um projeto de Futsal para cegos em Ponta Grossa. Surgia ali a
primeira equipe da União de Deficientes Visuais, que mandava os jogos no
estádio Oscar Pereira. O escrete do Azulão perdeu muitos atletas por problemas
de saúde e encerrou as atividades em 2009. “Acho que tivemos grandes conquistas
naquele projeto. Fizemos amistosos contra o Instituto de Cegos do Paraná e a
Seleção Brasileira”, comenta.
Novos horizontes, velhas metodologias
Em 2018, Paulinho
encabeçou o projeto futebolístico da associação e inscreveu a equipe do bairro
Maria Otília na Liga de Futebol Amador de Ponta Grossa. Completando dois anos à
frente do time, o técnico duela frente a frente com times já consolidados no
cenário local. Na temporada de 2019, o Unidev não conseguiu se classificar para
a 2ª fase do certame e terminou a competição no 12º lugar. Em compensação, o
escrete azul garantiu a conquista da Taça Luiz Anderson Borgo, que reuniu os
times que não avançaram até o mata-mata da Liga do ano passado. O título veio
de forma invicta. “Em 2020 queremos nos reestruturar, já que perdemos muitos
atletas. Nosso elenco é muito unido e temos capacidade para surpreender”,
finaliza Paulinho.
Durante os
treinamentos da equipe, as movimentações que ocorrem no gramado são narrados
para Paulinho, que mantém os ouvidos atentos a cada passo dos atletas. Pelo
som, o técnico percebe o posicionamento de cada comandado, encontrando falhas
de marcação e deficiências no time adversário. “Cobro muito o foco dos meus
jogadores. Como não enxergo, aprendi a avaliar o psicológico deles pelo tom da
voz. Busco sempre trazer segurança para eles. Esta camisa exige uma
responsabilidade grande”, destaca Paulo.
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