[ESPECIAL] Desânimo não vence dificuldade: A história de Gilly, craque do futebol amador ponta-grossense em 2019
O jovem meio-campista
que viajou pelo país em busca de uma chance no cenário profissional, retornou aos gramados onde aplicou os primeiros dribles e foi
capaz de guiar o escrete do Ypiranga rumo ao primeiro título da Liga de Futebol
Amador de Ponta Grossa. Professor de educação física na pacata cidade de
Palmeira e camisa 10 nas horas vagas. Nesta entrevista exclusiva, Gilly revela
sua experiência no mundo da bola e os bastidores da conquista inédita do
alvirrubro. Conheça a trajetória de Gilliard Gonçalves de Oliveira, eleito o
craque da temporada 2019 pela Equipe DRAP.
#ENTREVISTA
Por Allyson Santos

Eu
comecei no futebol muito criança, é uma paixão que se passa de pai para filho.
Minha primeira experiência foi aos seis anos de idade, na escola em que estudava.
Gosto de lembrar da época em que disputava alguns campeonatos entre colégios
municipais de Palmeira. Desde muito cedo sempre joguei com o pessoal mais
velho, acho que isso me ajudou um pouco a amadurecer e a consolidar meu nome
aos poucos dentro da cidade. Em 2012 tive minha primeira oportunidade ao entrar
para as categorias de base do Operário Ferroviário, onde tive a oportunidade de
disputar o Campeonato Paranaense ao lado de alguns nomes já conhecidos aqui da
cidade. Era uma geração muito interessante. Acabei até me mudando para Ponta
Grossa na época.
- Teve alguma
experiência com o futebol profissional antes de retornar para Palmeira?
Ainda
quando era garoto tive um empresário. Rodei por alguns clubes grandes como
Flamengo, Grêmio, Coritiba, Criciúma, Athletico e Paraná Clube por exemplo.
Hoje sou professor de Educação Física e sempre digo aos meus alunos que existe
muita gente boa e muita gente ruim dentro do esporte. No Paraná eu havia
passado em todos os testes. Era um período em que eles alcançaram uma boa
campanha na Taça São Paulo de Futebol Jr. e acredito que para eles não era
interessante me dar uma oportunidade.
O
mesmo diretor que me colocou lá dentro, me mandou de volta ao Operário.
Retornei à Ponta Grossa e o novo técnico do clube optou por não me utilizar
também. Era um momento em que eu estava na minha melhor forma física e técnica,
talvez. Alguns nomes que estavam comigo no tricolor acabaram estourando no
futebol profissional, especialmente aqui no Paraná. Em 2017, optei por retornar
ao Ypiranga.
- Você poderia fazer
uma avaliação individual e coletiva do desempenho da equipe do Ypiranga nesta
edição da Liga? O que foi determinante para a conquista do título?
Nesta
edição do Campeonato amador de Ponta Grossa, acredito que a nossa preparação
física foi fundamental. Algo que sempre foi abordado nos treinamentos diz
respeito à importância de se alcançar a excelência física para que a técnica se
sobressaia. De nada adianta um time muito técnico que não aguenta correr os 90
minutos. Fazendo uma avaliação minha, acredito que eu estava mais em forma para
a disputa da Liga de Ponta Grossa em relação a outros anos.
No
Campolarguense do ano passado, por exemplo, toda a equipe estava abaixo. Isso
dificulta a briga por conquistas maiores dentro de uma competição. Eu já
disputei a Liga de Ponta Grossa em outra oportunidade, vestindo a camisa do
Cará-Cará. Posso dizer que o nível do campeonato cresceu bastante nos últimos
anos e se tornou muito difícil. Conseguimos mostrar um bom futebol ao longo de
toda a temporada. Houve alguns altos e baixos em determinados momentos, onde a
parte física garantiu alguns resultados em detrimento da técnica. Num geral,
foi uma grande campanha.
- Você foi um dos
destaques do primeiro jogo da final, marcando o tento de empate que deixou o
Ypiranga em uma situação mais confortável para a partida de volta. No segundo
embate, realizado no estádio do América, você teve em seus pés a chance de
desempatar a partida ainda no primeiro tempo. O que passou na sua cabeça ao
desperdiçar aquele pênalti? Como você e o grupo encontraram forças para
reverter aquela situação no decorrer do jogo?
Eu
sempre digo que o futebol é repleto de altos e baixos. Como você mesmo disse,
tive um bom desempenho no primeiro jogo. A partir daí as pessoas passam a ter
uma imagem positiva do meu futebol. Junto com os erros vem a pressão e as
críticas. É a maneira que brasileiro ve o futebol, não julgo isso. O resultado
final pesa muito. Quando eu perco o pênalti na decisão, a primeira coisa que me
passou na cabeça é que eu precisaria dar algo a mais para a equipe dentro de
campo. Eu já havia perdido uma penalidade na semifinal do Campolarguense no ano
passado. Depois deste jogo, já até avisei o Tuia, nosso técnico, que não bato
mais em jogos decisivos (risos).
Mas
no momento da falha passa todo um filme na cabeça. Tenho um pai que me apoia
muito. Ele sempre me diz que na hora da dificuldade, os verdadeiros craques
devem aparecer. Poucos são os jogadores que pegam a bola para decidir nesse
tipo de circunstância. É um momento que pode te dar mais confiança e ao mesmo
tempo pode te levar ao chão. Aí é importante lembrar do lema do clube: Desânimo
não vence dificuldade. O Ypiranga vinha de um certo jejum de títulos e isso de
certa forma pesava para a gente dentro das quatro linhas. Após o erro, respirei
fundo. O apoio dos meus companheiros também foi fundamental. É a importância de
se ter um grupo fechado.
- Esse foi o primeiro
título com a camisa do Ypiranga. Você pretende permanecer mais tempo no clube?
Os atletas recebem algum tipo de remuneração? Como funciona essa política por
lá?
Quando
eu era garoto eu já treinava lá. Conheço bem alguns profissionais que trabalham
no time. Ali foi minha primeira base. Quando cheguei, em 2017, o grande
objetivo era conquistar a Liga de Campo Largo para ter acesso a Taça Paraná.
Naquele ano a diretoria investiu muito em jogadores de fora e colheu pouco.
Esses atletas que vinham de outras cidades cobravam para jogar e o resultado
acabou não vindo.
A
partir disso, o Ypiranga adotou essa aposta em um time mais caseiro. O Graxa,
nosso lateral-direito, é um grande amigo meu. Foi ele quem me convenceu a ficar
no Ypiranga juntamente com o técnico Duio. No início as pessoas não viam o
nosso plantel com qualidade suficiente para disputar um campeonato federado.
Sempre batíamos na tecla de que o treinamento seria essencial para recuperar a
forma de alguns jogadores. Só assim poderíamos fazer frente a outras equipes.
Todos abraçaram a causa e o resultado veio através das semifinais do
campolarguense e do título da Liga de Ponta Grossa. No Ypiranga ninguém recebe,
são todos torcedores do clube. Os treinamentos ocorrem três vezes por semana.
- É complicado conciliar
a profissão e a vida pessoal junto ao cotidiano de atleta do Ypiranga?
O
que me levou a ser professor de educação física foi o futebol. Atualmente dou
aula em um colégio particular de Palmeira. Para administrar a rotina é um pouco
complicado sim, já que os treinos ocorrem segunda, quarta e sexta durante a
noite. É preciso abrir mão do descanso diário, já que todos do elenco trabalham
durante o dia. No entanto, a gente sabe que se você não se entregar e não se
dedicar ao clube, as conquistas não vem. Todos tem isso em mente. No momento eu
não estou participando dos treinos por conta de uma lesão no ombro, mas logo
estou de volta.

Duio
é um cara que ganhou tudo pelo Ypiranga. Sem dúvida é um dos grandes ídolos do
clube. É um amigão nosso, está sempre conversando. Ele percebe quando você está
bem e quando está mal e sempre dá o apoio necessário. Eu acredito que jogador
derruba técnico se quiser, no entanto, o atleta também pode conquistar várias
coisas ao lado dele. Duio é uma grande pessoa e todos abraçaram as ideias de
jogo propostas. Os próprios diretores do Ypiranga percebem isso. Já somos mais
que um time de futebol, somos uma família. Duio é um cara meio nervoso às
vezes, principalmente na véspera de jogos decisivos. Até brincamos com isso no
vestiário (risos). Mas durante o jogo ele mantém a calma, sempre passando as
instruções com muita tranquilidade. Entende muito de futebol.
-
Como foi a festa lá em Palmeira após o
título?
Cara,
chegamos lá e tinha muita cerveja (risos). Demos uma volta pela cidade e depois
fomos até a sede do clube. O Ypiranga tem uma torcida que é muito fiel ao time.
Envolve uma paixão muito forte. Até os torcedores mais antigos voltaram ao
estádio e compraram a ideia deste novo projeto. Conseguimos reconquistar a
confiança deles. Até hoje, quando nos veem na rua sempre agradecem e
parabenizam. É muito gratificante para nós. Recentemente o clube organizou a
cerimônia de entrega das faixas de campeão aos atletas.
- O Ypiranga ainda
disputará a Liga Campo Largo este ano. Como está a preparação da equipe para o
certame que terá início no segundo semestre? A base do elenco será mantida?
Já
começamos os treinamentos. O elenco é basicamente o mesmo. Houve uma reunião
com a diretoria lá em Palmeira e foi acordado que só chegariam jogadores de
outras cidades se estes realmente forem capazes de somar e se adaptar ao grupo.
Alguns novos atletas da cidade já foram integrados ao time. Até o momento não
houve baixas.
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ok
ResponderExcluirO que me levou a ser professor de educação física foi o futebol. Atualmente dou aula em um colégio particular de Palmeira. Para administrar a rotina é um pouco complicado sim, já que os treinos ocorrem segunda, quarta e sexta durante a noite. É preciso abrir mão do descanso diário, já que todos do elenco trabalham durante o dia. No entanto, a gente sabe que se você não se entregar e não se dedicar ao clube, as conquistas não vem. Todos tem isso em mente. No momento eu não estou participando dos treinos por conta de uma lesão no ombro, mas logo estou de volta.
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